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Notícias / Arqueologia

Esqueletos de 6.000 anos podem reescrever a história da América do Sul

DNA antigo revela linhagem humana extinta e desconhecida nas terras altas da Colômbia, sugerindo uma migração precoce e isolada

Gabriel Marin de Oliveira, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 09/06/2025, às 16h15 - Atualizado em 10/06/2025, às 18h32

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Esqueletos de dois indivíduos caçadores-coletores escavados em Bogotá - Divulgação/Universidade Nacional da Colômbia
Esqueletos de dois indivíduos caçadores-coletores escavados em Bogotá - Divulgação/Universidade Nacional da Colômbia

Um grupo de esqueletos com mais de 6.000 anos, encontrados no sítio arqueológico pré-cerâmico de Checua, próximo a Bogotá, está lançando nova luz sobre as origens humanas na América do Sul — e desafiando tudo o que se sabia até agora sobre a população antiga da região.

O que os pesquisadores encontraram foi surpreendente: restos mortais de caçadores-coletores cujo DNA não corresponde a nenhuma população indígena viva.

Em vez disso, os dados genéticos revelam uma linhagem humana totalmente distinta e extinta, provavelmente derivada dos primeiros grupos que chegaram ao continente e que, por razões ainda não totalmente compreendidas, permaneceram isolados por milênios antes de desaparecerem sem deixar descendentes genéticos vivos.

A pesquisa, conduzida por cientistas do Centro Senckenberg para Evolução Humana, na Alemanha, e da Universidade Nacional da Colômbia, analisou o DNA de 21 indivíduos que viveram entre 6.000 e 500 anos atrás no Altiplano de Bogotá. Os resultados mostram que os habitantes mais antigos de Checua portavam uma genética que desapareceu completamente ao longo dos séculos.

"Não conseguimos encontrar descendentes desses primeiros caçadores-coletores das terras altas colombianas. Os genes não foram transmitidos", explicou Kim-Louise Krettek, principal autora do estudo.

Isso significa que houve uma substituição total da população na região".

O DNA dos primeiros indivíduos analisados não mostra relação direta com os grupos antigos conhecidos do Chile, Brasil ou mesmo da América do Norte. Eles representam um ramo humano separado, que provavelmente se estabeleceu cedo na América do Sul, diferenciando-se rapidamente e permanecendo isolado por milhares de anos.

Nova população

Por volta de 2.000 anos atrás, a paisagem genética da região mudou radicalmente. Os pesquisadores encontraram indícios de uma nova população — geneticamente ligada a povos da América Central, como antigos panamenhos e falantes modernos das línguas chibchan da Costa Rica e do Panamá — ocupando o Altiplano.

Junto com essa migração, surgiram novas tecnologias, como a cerâmica, e novas línguas, incluindo os primeiros registros da tradição Herrera, cultura ancestral dos muiscas — grupo que dominaria a região até a chegada dos colonizadores espanhóis no século 16.

Andrea Casas-Vargas, coautora do estudo, observa que "essa troca genética completa é um fenômeno raro na América do Sul, onde geralmente vemos continuidade genética apesar das mudanças culturais".

Curiosamente, não há sinais de guerra ou invasão associados a essa transição. A hipótese mais aceita é a de uma mudança gradual, ocorrida por meio de casamentos mistos, trocas culturais e deslocamentos populacionais ao longo de séculos.

Os pesquisadores destacam que a perda genética não significa o desaparecimento cultural. "É importante separar genética de identidade cultural", alertou o professor Cosimo Posth, coautor do estudo. Ele ressaltou que os cientistas trabalharam em diálogo com a Guardia Indígena Muisca, buscando respeitar e incorporar o conhecimento tradicional na interpretação dos dados.

Segundo o 'Daily Mail', a linhagem genética dos antigos checuas pode ter desaparecido, mas sua presença cultural ainda reverbera na memória e identidade das comunidades indígenas que habitam o planalto colombiano hoje.

"O DNA antigo dessas regiões será fundamental para entender como os humanos migraram, se espalharam e se transformaram ao longo do tempo na América do Sul", disse Krettek.