Desastre é o mais grave do ano e eleva o número de mortos em voos comerciais para 460 apenas no primeiro semestre de 2025
Felipe Sales Gomes, sob supervisão de Fabio Previdelli Publicado em 13/06/2025, às 18h00
Ao menos 260 pessoas morreram ontem em Ahmedabad, na Índia, quando um avião da Air India caiu sobre um prédio poucos segundos após a decolagem. A tragédia, que teve apenas um sobrevivente confirmado, é o mais recente de uma série de acidentes aéreos que já deixaram 460 mortos em 2025 — quase o dobro da média anual registrada na última década.
O acidente ocorre em um momento marcado por outros episódios fatais. Em janeiro, 67 pessoas morreram na colisão de um voo da American Airlines com um helicóptero militar sobre Washington.
Em março, 13 morreram em um acidente na ilha de Roatán, em Honduras. Para especialistas, 2025 já desponta como um dos anos mais letais para a aviação comercial recente.
Apesar da sequência de tragédias, autoridades e especialistas afirmam que voar continua sendo uma das formas mais seguras de transporte. O Dr. Simon Bennett, diretor da unidade de segurança civil da Universidade de Leicester, destacou ao MailOnline que a percepção de aumento no risco se deve à concentração dos incidentes em curto espaço de tempo.
Se você olha para um momento isolado, pode parecer que as coisas estão se tornando perigosas, mas a análise em períodos mais longos mostra o contrário”, afirmou.
Em 2023, por exemplo, o setor registrou um ano sem mortes em voos comerciais em todo o mundo. Segundo o Departamento de Investigação de Acidentes Aéreos do Reino Unido, as taxas globais de acidentes seguem em queda no longo prazo.
O fundador da consultoria alemã Jacdec, Jan-Arwed Richter, lembra que o número médio anual de mortes na aviação é de 284. “Ainda temos mais de seis meses pela frente, então a situação pode se agravar se esse ritmo de acidentes continuar”, disse ele à Bloomberg.
As causas do desastre do voo 171 da Air India ainda são investigadas. Especialistas apontam que uma combinação de fatores ambientais e possíveis falhas técnicas pode ter contribuído para o acidente.
O calor intenso — a pista registrava 37°C no momento da decolagem — e o peso da aeronave, com tanques cheios, teriam dificultado o ganho de altitude. Além disso, há indícios de que o avião estava com o trem de pouso baixado e flaps recolhidos a apenas 600 pés de altitude, o que comprometeu a sustentação.
“Retratar os flaps no lugar do trem de pouso no início do voo pode levar a uma perda significativa de sustentação”, explicou ao Mail o professor Murray Terwey, da Universidade Edith Conway.
O investigador Sammy Diasinos, da Universidade Macquarie, considera improvável uma falha simultânea de dois motores e aponta para possíveis causas ambientais. A investigação oficial do Indian Aircraft Accident Investigation Bureau deverá detalhar os fatores que levaram à queda.
