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Enquanto as conquistas europeias são exaustivamente discutidas, os feitos dos povos africanos não recebem a mesma atenção
A história africana é frequentemente marginalizada nos debates históricos globais. Enquanto batalhas e conquistas europeias são exaustivamente discutidas e celebradas, os feitos dos povos africanosdificilmente recebem a mesma atenção.
Esse apagamento não é acidental: ele faz parte de uma narrativa que, por séculos, colocou a Europa como centro da história mundial e relegou o continente africano a um papel secundário.
Resgatar heróis e eventos africanos não é apenas uma questão de justiça histórica, mas também um o fundamental para a construção da autoestima e identidade das populações africanas e de sua diáspora ao redor do mundo.
Um desses eventos que merece destaque é a vitória da Etiópia sobre a Itália na Primeira Guerra Ítalo-Etíope, um episódio de resistência e bravura que desafiou o colonialismo europeu.
No final do século XIX, a "Corrida pela África" estava em seu auge. As potências europeias, reunidas na Conferência de Berlim, definiram as regras para a partilha do continente, visando expandir seus impérios coloniais.
Poucos países africanos permaneceram independentes, entre eles a Etiópia, um reino com uma longa história e uma forte identidade nacional. Sob o comando do imperador Menelik II, a Etiópia resistiu às investidas europeias e consolidou sua posição como um bastião da independência africana.
A Itália, recém-unificada, buscava expandir seu domínio colonial e encontrou no Chifre da África um alvo estratégico. O Tratado de Ucciali, assinado em 1889 entre Itália e Etiópia, tornou-se o estopim do conflito.
Enquanto os italianos interpretavam o acordo como um reconhecimento da Etiópia como seu protetorado, Menelik II rejeitou essa interpretação, defendendo a soberania do país.
Quando as tensões se intensificaram, a Itália decidiu lançar uma invasão, confiando que suas tropas superiores em tecnologia e estratégia conseguiriam subjugar os etíopes. O que se seguiu, no entanto, foi uma das derrotas mais humilhantes da história do colonialismo europeu.
A batalha decisiva ocorreu em 1º de março de 1896, em Adwa. O exército etíope, numericamente superior e bem preparado, usou sua inteligência estratégica e conhecimento do terreno para derrotar os italianos. Menelik II, ao lado de sua esposa, a imperatriz Taytu Betul, liderou as tropas com habilidade e determinação.
Taytu desempenhou um papel crucial, não apenas na organização logística do exército, mas também na liderança de tropas femininas que participaram ativamente do combate. A vitória etíope foi avassaladora: milhares de soldados italianos foram mortos ou capturados, e a derrota forçou a Itália a reconhecer a independência da Etiópia.
A vitória em Adwa teve repercussões imensas. Para a Itália, foi uma humilhação nacional que levou à queda do governo. Para a África, foi um símbolo poderoso de resistência e um lembrete de que a dominação europeia não era inevitável.
A Etiópia tornou-se um farol de esperança para os movimentos anticoloniais que surgiriam nas décadas seguintes. No entanto, apesar de sua importância, essa história segue subestimada fora da África.
Enquanto eventos como a Batalha de Waterloo ou a Segunda Guerra Mundial são amplamente estudados e lembrados, a resistência etíope ao colonialismo ainda recebe pouca atenção nos livros de história.
Reconhecer e celebrar a vitória etíope contra a Itália não é apenas um ato de resgate histórico, mas um o necessário para construir uma visão mais equilibrada da história mundial. A resistência africana ao colonialismo não foi feita apenas de derrotas e opressão; houve também triunfos e lideranças excepcionais, como a de Menelik II e Taytu Betul.
Contar essas histórias é essencial para desafiar narrativas eurocêntricas e fortalecer a identidade de milhões de pessoas que descendem de povos que resistiram e venceram. A Etiópia venceu a Itália – e o mundo precisa falar mais sobre isso.